quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Eu quis ser Dora

Eu quis ser Dora, assim como quis ser muitas outras. Quis porque conseguia vê-las em mim, ou talvez o contrário. E quis primeiro Dora porque era a mais fresca, mais recente em minha memória, porque a Bahia me pegou desprevenida e porque a beleza das palavras do militante baiano me conquistou. Considerando todas elas, quis porque existem de uma forma diferente, foram feitas para inspirar as mais tontinhas como eu, talvez, quem sabe.
Faz tempo, percebi que sempre tenho vontade de escrever nas horas erradas: subindo escadas, nadando, no meio da aula de matemática, durante a janta - e isso é um grande problema, porque até aqui minha organização falha e as frases que fariam sentido juntas ficam soltas, perdidas (e quando tento fazer as duas coisas ao mesmo tempo, nenhuma delas sai como deveria). Percebi também que não gosto de falar sobre mim, mas sempre que escrevo acabo virando assunto.
Mas dessa vez não tinha como. É que eu precisava escrever e fiquei tão fascinada pelo livro que preferi falar pouco, desviar a atenção para outras coisas e deixar de ser enjoada e falar sobre a obra. Porque Capitães da Areia é, para mim, o tipo de livro quase sinestésico, assim como muito outros entre os meus favoritos. A cada palavra, devem ser sentidas a pele queimando sob o Sol, as roupas esvoaçando com o vento da corrida, a brisa leve trazendo a maresia.